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Árvore

Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.

Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.


Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
E tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com muitas borboletas.

Manoel de Barros Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000.

pássaros

Engraçado que a gente não pensou que eles fossem aparecer se plantássemos flores, árvores frutíferas, plantas ornamentais.

E fomos plantando. A bem da verdade: Val. Todo dia, com uma paciência de Jó, com aquele carinho, com os olhos brilhando e a mão de terra, mais plantinhas.

E eles chegaram.

Os pássaros. Pardais, beija-flores, canários,  saí, sanhaçu, chopim do brejo, alma de gato, bem-te-vi, viuvinha, corrupião, e outros que ainda não sei o nome. 

Sons de maritacas e cigarras marcam o final de tarde.

Cada uma a seu tempo, claro. 

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